terça-feira, 10 de maio de 2011

Separe sua dupla e não seja feliz

10/05/2011

Separe sua dupla e não seja feliz







Após a música sertaneja ter se tornado um produto de destaque na mídia a partir dos anos 1980, a separação de duplas passou a ser um dos piores negócios.

Não dá certo. A impressão que passa é de que grande parte do público deixa de gostar do artista no momento em que ele anuncia a separação. Foi assim com João Mineiro e Marciano, Milionário e José Rico, Matogrosso e Mathias, Chrystian e Ralf e Edson e Hudson. Rick talvez seja a exceção, pois o fim de Rick e Renner já era algo que vinha se desenhando há anos e a dupla já havia perdido força.

Leonardo e Daniel são casos diferentes, fatalidades.

O exemplo mais fácil e rápido de se ver é o de Edson e Hudson. A turnê ”Despedida”, de 2009, teve diversos shows com grande público. Em Barretos mesmo, ao lado de Zezé di Camargo e Luciano, levaram quase 40 mil pessoas.

Separaram e ambos amargaram públicos irrisórios, cachês muito reduzidos e pouca abertura na mídia. Triste, mas previsível. Hudson, após apostar em uma banda, agora tenta um novo projeto ao lado de Donizeti. Edson, por sua vez, passou a cantar sozinho e se prepara para seu primeiro DVD solo. Na realidade, em português claro, estão na mesma.

João Mineiro e Marciano talvez representem o caso mais gritante. Em 1990, como já comentado aqui, a Veja publicou uma matéria que mostrava a concorrência entre eles e Chitãozinho e Xororó para ver quem era maior. Só que, dois anos depois, a dupla se separou, e os cantores simplesmente sumiram.

Suas músicas tocam até hoje, mas a impressão é de que os cantores deixaram de existir a partir do momento em que desfizeram a parceria.

Com a recente e enrolada separação de Hugo Pena e Gabriel, a pergunta que fica é a seguinte: será que ninguém percebeu que separar dupla é sinônimo de fracasso?

Sem fazer julgamento da vida e das vontades de ninguém, faz duas décadas, pelo menos, que o sertanejo se tornou um negócio milionário. Além de um sonho de infância, montar uma dupla e fazer sucesso também se tornou uma chance de mudar de vida.

Quando uma dupla conhecida se separa, é inevitável pensar nos milhares de cantores que sonham com um mínimo destaque no meio sertanejo. Talvez esse seja o primeiro e um dos maiores incômodos surgido após uma separação.

E nos rompimentos, como se sabe, além dos problemas que não chegam ao público, está quase sempre presente a tal da vaidade. Artistas são paparicados e elogiados aos montes, e como acontece geralmente com o ser humano, o ego fica inflado.

Por estarem na mídia, têm uma sensação de que possuem maior facilidade para tentar coisas novas sem sair dos holofotes. Nunca deu certo.

E na grande maioria dos casos, parece que os problemas que motivaram a separação diminuem quando o dinheiro para de entrar, e então as duplas ensaiam um retorno. É o que passa na cabeça, nesse momento, de uma das ex-duplas citadas nesse texto.

No texto sobre o show solo do Bruno, em São Paulo, escrevi a seguinte frase: “o sucesso de uma dupla se deve, igualmente, aos dois cantores. Pena que tem gente que descobre isso só após a separação”. Curiosamente, o histórico não tem sido levado em consideração, apesar de implacável.

Sucesso não se resume a lotar shows de final de semana.

por André Piunti às 00:01

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